A esquerda bem informada
A esquerda bem informada

Marco Albertim

Menção honrosa dos Prêmios Literários da Cidade do Recife, com o livro Um presente para o papa e outros contos. Integra as antologias de contos Recife conta o Natal e Panorâmica do conto em PE.
Quarta-feira de cinzas e a Gorda

No meio da Ladeira da Misericórdia, ela olhou para trás; apoiou-se na parede de uma das casas, sentindo falta de um corrimão. Da altura, ajuizou com precisão o ralo vaivém nos Quatro Cantos. Apreciara, nos quatro dias, a carneação pagã de moços imberbes, gays e lésbicas nutrindo-se na alforria própria.

Semana gorda

 

Bajado, o maior cronista de Olinda

 

Damas do dia

 

Crônica de um peão

Com o juízo trôpego e sem calos nas mãos, o operário seguiu a avenida a pé. Os pés, sim, tinham o solado duro, seco. Já andara feito um romeiro à cata de ocupação; não um romeiro sem rumo, crendo-se banhado com a untura de óleos divinos. Mas um romeiro de estômago quase vazio, à espreita de um salário que, mínimo que fosse, daria conta de uma refeição decente, farta de sustância.

Cais do fedor

 

O romance de Bernardo Kucinski

 

Chacina

Inda que fosse insano, o juízo de Roni não daria conta de um cálculo tão ruim para a família. O pai, um velho de setenta anos, ainda com prumo nos pés; nos pés e nas mãos para cavar com a enxada o caminho de acesso ao casebre. Vizinha a um riacho de água corrente, a morada estava sempre cercada de mato selvagem. Nas chuvas, o reboco de cada um dos quatro lados, deixava escorrer o massapê rachado no verão. Ele o cobria com o barro escuro tirado dali mesmo, nos limites da água escura do riacho.

Caixinha

Quando a caixinha de natal é posta na extremidade de um balcão, sobretudo no lado onde poucos se debruçam ou põem os cotovelos, há no jeito um modo tímido de abiscoitar o níquel dos outros. Inda que encoberta por um papel com desenhos floridos, uma estrela sem lume no papel fosco, com salpicos de excrementos de insetos, todo o visual apequena a ambição de pecúnia no escuro do nicho.

Três narrativas de Tolstói

O conde Liev Tolstói tinha 27 anos quando escreveu a trilogia que narra parte da guerra da Crimeia. O cenário é Sebastopol; a cidade é bonita, mas antes de tudo é celeiro da marinha do império russo. Tolstói se alistara como tantos outros moços, filhos da aristocracia russa. Quiçá, como os demais, nutrindo o sonho de pendurar no peito a medalha de São Jorge.

Crônica de um operário

 

Luiz, você por aqui?

 

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