A indicação do nome do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, para o posto de embaixador brasileiro nos EUA, constitui-se como um verdadeiro ato de nepotismo e mancha a imagem da diplomacia brasileira.
Um país cada dia mais dividido. É o que mostra a última pesquisa do Instituto Datafolha, quando analisa a percepção dos brasileiros sobre a realidade política atual. A ausência de um governo forte, com um projeto de nação bem definido e pactuado, mergulha o país numa crise de largas proporções.
Uma importante iniciativa foi tomada há alguns dias em defesa do progresso brasileiro. Todos os ex-ministros de Ciência, Tecnologia e Inovação dos governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e Temer, assinaram um manifesto chamando a atenção sobre os perigos que estas áreas estão enfrentando com os cortes orçamentários e com o verdadeiro desmonte das políticas públicas para o setor.
A crise na economia brasileira que se arrasta há alguns anos e tem aprofundado a situação de calamidade financeira dos estados, trazendo uma nova discussão sobre o pacto federativo.
A enorme força política e eleitoral, que tornou possível a vitória de Bolsonaro nas últimas eleições, apresenta sinais de rápido esgarçamento no início do seu mandato. Crises sucessivas na substituição de ministros e na relação com o Congresso Nacional, uma economia em frangalhos e as manifestações de rua, expressam bem as dificuldades que o governo enfrenta.
As revelações feitas pelo site The Intercept Brasil sobre os diálogos envolvendo o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da República que atuam na Operação Lava-Jato, revelaram uma trama para inviabilizar a candidatura de Lula e acelerar sua prisão, bem como desnudam relações com órgãos da imprensa e setores interessadas na desestabilização do país.
Os cinco meses de governo do presidente Jair Bolsonaro são marcados por factoides que abstraem os verdadeiros problemas vivenciados pela população. Sua agenda moral e armamentista funciona como um amálgama para manter sua base eleitoral unida e mitigar os fracassos econômicos. Na impossibilidade de apresentar resultados concretos para tirar o Brasil da crise, Bolsonaro vive ainda do discurso eleitoral.
Em mais uma investida contra as instituições púbicas da educação, o governo de Jair Bolsonaro tenta agora autorização do Supremo Tribunal Federal para que sejam permitidas operações policiais dentro dos campi de todo o país. Tal medida atenta contra a autonomia universitária e pretende cercear a livre manifestação do pensamento nestes espaços.
A crise política que paralisa o governo não dá sinais de melhora. Ao contrário. Os últimos acontecimentos envolvendo declarações do presidente Bolsonaro em relação às manifestações estudantis e à classe política, além do estímulo aos atos em favor do governo no próximo domingo, amplificam a tensão política no país.
Ao contrário do que disse o presidente Bolsonaro em reação às enormes passeatas contra seu governo que aconteceram no Brasil ontem, os estudantes não são “inocentes úteis” ou “massa de manobra”. Os manifestantes tomaram as ruas contra os cortes na educação de forma consciente, porque sabem que este governo quer destruir a educação pública e as universidades.
No meses iniciais do seu governo, Bolsonaro demonstra um total desconhecimento da administração pública e dos desafios estruturais do Brasil. Impõe ao país uma agenda que representa um retrocesso civilizacional. Faz apologia à ignorância e ataca a cultura e as manifestações populares. Estimula o machismo e expõe o Brasil como uma rota de turismo sexual, além de estimular ataques frequentes contra os homossexuais.
O ministro da Educação, Abraham Weintrub, anunciou o corte orçamentário de 30% nas universidades e institutos federais. Justificou a medida por supostas dificuldades financeiras, baixa produtividade acadêmica e, pasmem, “balbúrdias” nos campi. A decisão atenta contra a autonomia das universidades e revela o total desapreço do governo Bolsonaro com a democracia e com suas instituições superiores de ensino.