Diversos artistas, como Fernanda Montenegro, estão entre as celebridades que aderiram à campanha da OAB-RJ, lançada dia 16, pela abertura dos arquivos da ditadura militar. Cada um deles interpreta um desaparecido do período e pergunta: "será que essa tortura nunca vai acabar?". Entre eles está Osmar Prado, na pele do guerriheiro do Araguaia, Maurício Grabois. A campanha se soma ao esforço pelo direito à memória e à verdade. Nenhum dos artistas cobrou cachê para protagonizar a campanha da OAB-RJ.
Em 12 de abril de 1972, o PCdoB começou a ocupação na região do Araguaia com o objetivo de criar condições para resistir e derrubar a ditadura militar instalada desde o golpe de 1.964. A Guerrilha do Araguaia foi brutamente reprimida e marca, até hoje, a maior operação já realizada pelas forças armadas para reprimir um movimento no país. No vídeo abaixo, você confere os esforços do Ministério da Justiça para recolher e identificar as ossadas dos guerrilheiros assassinados no período.
A Guerrilha do Araguaia completa 38 anos do seu início, quando alguns dos generais fascistas sobreviventes e porta-vozes do regime militar saem do armário e defendem estranhas posições, destinadas à tenebrosa intenção de reescrever a História ao seu favor. Entretanto, nos humores da conjuntura, se realçam boas noticias para a resistência ao obscurantismo remanescente.
Por Luiz Carlos Antero*
O procurador da República em Marabá, Tiago Modesto Rabelo, disse que os moradores da região do Araguaia resistem a prestar informações ao Exército sobre os locais onde foram enterrados guerrilheiros durante a ditadura militar. Segundo o procurador, há dificuldade por parte da população das cidades e da área rural em entender que a presença do Exército, nesse momento, não tem o mesmo propósito da década de 1970, que era reprimir o conflito.
A descoberta foi feita por parentes de um guerrilheiro e por equipe formada pelo MPF após novas informações sobre sepultamentos em Brejo Grande do Araguaia.
Foi iniciado em dezembro do ano passado a construção do Memorial à Guerrilha do Araguaia, a obra é a realização de um sonho do povo da região do Bico do Papagaio que no último ano acabou comprando um terreno para a construção, visto que os terrenos anteriormente destinados tiveram problemas de ordem burocrática que acabaram por atrazar a realização da obra.
Memórias da Guerrilha
Micheas Gomes de Almeida, ou Zezinho do Araguaia, como ficou conhecido, é um dos poucos sobreviventes de um dos mais tristes capítulos da história brasileira: a Guerrilha do Araguaia, ocorrida no Norte do País, na região da Bacia dos Rios Araguaia e Tocantins.
Em nota assinada pelo presidente Renato Rabelo, o PCdoB manifesta seu repúdio à decisão do juiz José Carlos Zebulum que suspendeu o pagamento de indenização referente à anistia política concedida pelo Ministério da Justiça a 44 camponeses perseguidos pelos militares durante a guerrilha do Araguaia. O partido espera que “a decisão final seja de revogar esta absurda sentença e reativar as indenizações aos camponeses”, diz a nota publicada a seguir.
Juiz federal do Rio de Janeiro suependeu pagamento de indenizações a 44 camponeses da região do Araguaia, anistiados pela Comissão de Anistia em 2009. Decisão liminar atende ação interposta por assessor ligado ao gabinete do deputado Flávio Bolsonaro (PP-RJ), filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ).
Marco Aurélio Weissheimer
No Ceará, para quem não sabe, houve também um crime idêntico ao do “Araguaia”, contudo em piores proporções, foi o massacre praticado por forças do Exército e da Polícia Militar do Ceará no ano de 1937, contra a comunidade de camponeses católicos do Sítio da Santa Cruz do Deserto ou Sítio Caldeirão, que tinha como líder religioso o beato José Lourenço, seguidor do padre Cícero Romão Batista.
"Memórias Reveladas" é o nome da campanha do governo federal por doações de documentos e registros de 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985, período da ditadura no Brasil. O objetivo é revelar o paradeiro de mais de 140 desaparecidos nos anos de chumbo. Serão recebidos originais ou cópias (textos, fotos, filmes e registros sonoros etc.) que retratem as atividades políticas do período e sua repercussão na sociedade. O Arquivo Nacional garante sigilo de identidade a todos os colaboradores.
O documentário Bergson Gurjão, homenagem ao herói da Guerrilha do Araguaia, foi feito pelo Coletivo de Cultura do PCdoB, Acartes e Clan do Cinema. Com depoimentos dos familiares e amigos, o curta-metragem conta a história do jovem e brilhante atleta de basquete, estudante de Química na Universidade Federal do Ceará (UFC), que se tornou exemplar guerrilheiro contra a ditadura no anos 70.