Agência Patrícia Galvão compila dados de violência contra as mulheres negras, revelando o racismo patriarcal e estrutural.
A Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM-BA) lamentou o assassinato de mais duas mulheres na Bahia, no último fim de semana, em que os companheiros são os principais suspeitos dos crimes. A pasta ainda anunciou que acompanha as investigações e reforça a urgência da união de toda a sociedade para combater o feminicídio, crime motivado pelo machismo.
A ocorrência de feminicídios cresceu na Argentina em 2016. O Registro Nacional de Feminicídios da Justiça Argentina mostra que houve no ano 254 assassinatos de mulheres por questões de gênero, um aumento de 8% em relação a 2015.
Quando dona Sônia entra na sala, minha garganta dá um nó. A semelhança entre ela e a filha é impressionante. Por vezes, durante nossas conversas, tenho a sensação de que é a própria Eliza Samudio, mais velha, quem relembra a barbárie a que foi submetida por ter tido “a audácia” de engravidar de um encontro sexual casual com um jogador de futebol famoso.
"Eu sou uma mulh
Na última sexta-feira (28), a professora Sandra Oliveira foi morta pelo seu marido, Jefferson Carvalho, em Ilhéus, Bahia. Após o ato, ele concretou o corpo no quintal da casa. Esse crime é mais um que soma as altas taxas de feminicídios no país, reflexo de uma cultura machista, herdeira do patriarcalismo. Para Liège Rocha, secretária de mulheres do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a chave dessa questão está no afrouxamento da aplicação das leis nos casos evolvendo violência contra Mulher.
"Feminismo pra que?" Contestam alguns sobre a relevância da luta delas por direitos e contra a opressão cotidiana do machismo. No último mês, diversas agressões ocorreram com mulheres que apenas exerciam o direito de ir e vir. Seja no bar, na boate ou em casa, nenhum lugar é totalmente seguro para grande parcela do sexo feminino.
Unidas na dor e no repúdio à chacina de Campinas que nos assombrou no último 1º de janeiro, o Viva Maria abre espaço nesta edição para divulgação de uma nota coletiva de organizações feministas e outras tantas aliadas na luta e no luto para que essa tragédia anunciada não fique impune. Com a palavra a nossa amiga Rachel Moreno, escritora e feminista.
Na última quinta-feira (5) o ato ”Nenhuma a menos”, fechou as ruas do centro de Campinas, no interior de São Paulo, com mais de mil pessoas repudiando o machismo e pedindo o fim do feminicídio. A manifestação foi chamada em decorrência da chacina ocorrida na cidade na noite de réveillon, quando um homem matou a ex-mulher, Isamara Filier, o filho e mais 11 pessoas.
Movimentos e coletivos que defendem os direitos das mulheres realizam nesta quinta(5) ato no centro de Campinas (SP), em solidariedade às famílias das vítimas da chacina ocorrida no município no último dia 31, quando o técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo invadiu uma festa de réveillon e matou a ex-mulher Isamara Filier, de 41 anos, o próprio filho João Victor, de 8 anos, e mais 10 pessoas. Ao todo, nove eram mulheres. O autor do crime se suicidou em seguida.
A Chacina de Campinas teve como vítima Isamara Fillier, alvo de seu ex-marido (ao lado de outras 8 mulheres, 2 homens da família e seu filho, João Vitor, de 8 anos), que a culpava pela separação. A motivação foi misógina: se deve ao fato dela e das demais mulheres de sua família serem mulheres, chamadas por ele de “vadias”. Contudo, os meios de comunicação não usaram o termo feminicídio ao noticiarem o crime.[1]
Por Luciana Boiteux*, na Carta Capital
Desde que foi tipificado como crime hediondo em março de 2015, até 30 de novembro de 2016, o feminicídio teve 3.213 inquéritos de investigação registrados no país. Desse total, 1.540 tiveram a denúncia oferecida à Justiça (47,93%), 192 foram arquivados, 86 foram desclassificados como feminicídio e 1.395 estão com a investigação em curso.