A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) descartou a hipótese de renúncia da presidenta eleita Dilma Rousseff e disse que os aliados da petista trabalham para “derrotar o golpe”. Em entrevista a jornalistas, a senadora afirmou que a sessão desta segunda-feira (29) será uma sessão de diálogo, sem manifestações agressivas por parte de Dilma. Vanessa Grazziotin afirmou que a possibilidade de mudar o placar do julgamento é real.
A confusão generalizada no segundo dia de julgamento da presidenta Dilma Rousseff no Senado é mais um indicativo retumbante de que não há crime de responsabilidade que fundamente o processo. Na falta de argumento jurídico, senadores brigam e revelam verdadeiras paixões e interesses inconfessáveis por trás do impeachment.
Por Daniel Almeida*
A presidenta eleita Dilma Rousseff chegou às 9h06 ao Congresso, acompanhada do ex-presidente Lula. No Salão Branco, foi recebida com flores, aplausos, abraços e beijos de um grupo de senadores e deputados aliados. Ao som de “olé, olé, olé, olá/ Dilma, Dilma”, ela encaminhou-se para a sala de reuniões da Presidência do Senado.
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, em sua oitiva na sessão de julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, disse que “eu só aceitei vir aqui testemunhar porque considero que o afastamento da presidenta pelos motivos alegados é um atentado à democracia”. Tratando do assunto com bom humor, ele afirmou que as “pedaladas fiscais” – crime de responsabilidade atribuído à presidenta eleita – na verdade foram "despedaladas."
Parlamentares contrários ao impeachment de Dilma Rousseff preparam o terreno para a ida do ex-presidente Lula ao Plenário do Senado, na próxima segunda-feira (29), durante o depoimento da presidenta eleita no julgamento final. Dilma terá direito a levar até 20 pessoas para acompanhá-la na sessão.
Para os aliados do presidente ilegítimo Michel Temer, os debates que querem fazer os que são contra o impeachment são “chicana” para retardar o processo, mas o senador Aécio Neves (PSDB-MG) informou, nesta sexta-feira (25), que foi fechado um acordo entre os partidos que apoiam o impeachment para que os senadores não façam perguntas às testemunhas de defesa para acelerar o processo. Pelo regimento, todos os senadores podem fazer questionamentos.
A fala da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), indagando “Qual é a moral desse Senado para julgar a presidenta da República?”, que provou tumulto na sessão de ontem (25), ainda repercutiu na sessão desta sexta-feira (26), obrigando o presidente da sessão de julgamento do impeachment, Ricardo Lewandowski, a suspender a sessão. Os trabalhos serão retomados às 13 horas.
O senador Paulo Paim (PT-RS) é o primeiro inscrito para questionar a presidente eleita Dilma Rousseff, na próxima segunda-feira (29) no processo de impeachment. Para o senador, no depoimento Dilma poderá demonstrar que não cometeu crime de responsabilidade.
Encerrada a fase da oitiva das testemunhas de acusação, que terminou na madrugada desta sexta-feira (26), a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) considerou positivo o primeiro dia do julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. O advogado da defesa, José Eduardo Cardozo, também considerou positiva “para a defesa” as oitivas das testemunhas de acusação. A acusação só tinha duas testemunhas e uma foi desqualificada e ouvida como informante.
O senador Jorge Viana (PT-AC) afirmou nesta quinta-feira (25) que todo o processo de impeachment foi "falseado", e que, após o julgamento, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele destacou que o processo de impeachment contra a presidenta eleita Dilma Rousseff está baseado em documentos elaborados pelo procurador Júlio Marcelo Oliveira, que foi desclassificado como testemunha e passou a informante por ter militância contra o governo eleito.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) encurralou a testemunha de acusação contra a presidenta eleita Dilma Rousseff e desmascarou a parcialidade de Antônio Carlos D’Ávila Carvalho, ex-auditor do Tribunal de Contas da União (TCU). O senador fez ele confessar que ajudou na elaboração da representação contra a presidenta, a mesma que foi – "estranhamente" – parar nas mãos dele para ser julgada no TCU .
No segundo dia de julgamento do impeachment, os senadores devem começar a ouvir as seis testemunhas indicadas pela defesa da presidente afastada, Dilma Rousseff. O primeiro depoimento desta sexta-feira (26) será do economista Luiz Gonzaga Belluzzo.