De acordo com dados do IBGE, de um total de 5,9 milhões de pessoas que exercem essa função, somente 1,5 milhão tem carteira assinada, contra 4,4 milhões que não têm
Dados são de observatório do Ministério Público do Trabalho
FMI destaca que mulheres estão nas ocupações mais afetadas pela crise sanitária e assumem mais trabalho doméstico não remunerado.
As pessoas ocupadas na atividade de trabalho doméstico são principalmente mulheres negras com média de idade alta, o que as coloca em situação de maior vulnerabilidade ante a pandemia. Além disso, há alta incidência de domésticas chefes de domicílios e responsáveis pela manutenção de suas famílias
Militantes da luta antirracismo discutiram que a vulnerabilidade da população negra na pandemia, é anterior ao novo coronavírus, e se acirra com a necropolítica de Bolsonaro
As mulheres são impactadas principalmente por estarem ligadas ao trabalho doméstico e serviços de beleza. Já o trabalho informal atinge mais negros e pardos do que brancos.
Mulheres são maioria absoluta no emprego doméstico, sem proteção. Boa parte delas reside em aglomerados subnormais, onde as condições de vida, saneamento e abastecimento de água são precárias
Lavar roupa, preparar as refeições, pagar as contas, ir ao supermercado, levar as crianças à escola. Esses são alguns dos trabalhos realizados para a manutenção de uma casa e que, invariavelmente, são invisibilizados pela sociedade. Em 85% dos casos, essas tarefas são realizadas por mulheres, reflexo da sociedade machista e patriarcal em que vivemos.
Em 2017, a presença de empregadas domésticas com carteira assinada diminuiu na região metropolitana de São Paulo, interrompendo um processo de formalização que havia ganhado força a partir de meados dos anos 2000.
No período dos governos petistas o trabalho doméstico foi perdendo centralidade. Está aí a sua característica anticíclica. Quando todas as ocupações crescem e a economia retoma o dinamismo e o crescimento, o emprego doméstico tende a perder participação. Nas manifestações pró Impeachment, não raras vezes se erguiam cartazes denunciando o alto custo do trabalho doméstico.
Por Juliane Furno*, no Le Monde Diplomatique
A proposta de reforma da Previdência estabelece 62 anos como idade mínima para que mulheres possam se aposentar e 65 anos para os homens. Apesar da diferença, especialistas em gênero e participação da mulher no mundo do trabalho afirmam que o cálculo exclui as horas diárias que mulheres trabalham a mais que os homens e colabora para invisibilizar ainda mais o trabalho doméstico não remunerado.
Ao comentar pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na qual o número de trabalhadoras domésticas jovens despencou em 20 anos, Lucileide Mafra, dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), diz que isso ocorreu por causa das políticas públicas que diminuíram a pobreza nos últimos anos.
Por Marcos Aurélio Ruy