Dados são de observatório do Ministério Público do Trabalho
FMI destaca que mulheres estão nas ocupações mais afetadas pela crise sanitária e assumem mais trabalho doméstico não remunerado.
As pessoas ocupadas na atividade de trabalho doméstico são principalmente mulheres negras com média de idade alta, o que as coloca em situação de maior vulnerabilidade ante a pandemia. Além disso, há alta incidência de domésticas chefes de domicílios e responsáveis pela manutenção de suas famílias
Militantes da luta antirracismo discutiram que a vulnerabilidade da população negra na pandemia, é anterior ao novo coronavírus, e se acirra com a necropolítica de Bolsonaro
As mulheres são impactadas principalmente por estarem ligadas ao trabalho doméstico e serviços de beleza. Já o trabalho informal atinge mais negros e pardos do que brancos.
Mulheres são maioria absoluta no emprego doméstico, sem proteção. Boa parte delas reside em aglomerados subnormais, onde as condições de vida, saneamento e abastecimento de água são precárias
Lavar roupa, preparar as refeições, pagar as contas, ir ao supermercado, levar as crianças à escola. Esses são alguns dos trabalhos realizados para a manutenção de uma casa e que, invariavelmente, são invisibilizados pela sociedade. Em 85% dos casos, essas tarefas são realizadas por mulheres, reflexo da sociedade machista e patriarcal em que vivemos.
Em 2017, a presença de empregadas domésticas com carteira assinada diminuiu na região metropolitana de São Paulo, interrompendo um processo de formalização que havia ganhado força a partir de meados dos anos 2000.
No período dos governos petistas o trabalho doméstico foi perdendo centralidade. Está aí a sua característica anticíclica. Quando todas as ocupações crescem e a economia retoma o dinamismo e o crescimento, o emprego doméstico tende a perder participação. Nas manifestações pró Impeachment, não raras vezes se erguiam cartazes denunciando o alto custo do trabalho doméstico.
Por Juliane Furno*, no Le Monde Diplomatique
A proposta de reforma da Previdência estabelece 62 anos como idade mínima para que mulheres possam se aposentar e 65 anos para os homens. Apesar da diferença, especialistas em gênero e participação da mulher no mundo do trabalho afirmam que o cálculo exclui as horas diárias que mulheres trabalham a mais que os homens e colabora para invisibilizar ainda mais o trabalho doméstico não remunerado.
Ao comentar pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na qual o número de trabalhadoras domésticas jovens despencou em 20 anos, Lucileide Mafra, dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), diz que isso ocorreu por causa das políticas públicas que diminuíram a pobreza nos últimos anos.
Por Marcos Aurélio Ruy
O primeiro ano de vigência da Lei do Trabalho Domestico foi lembrado em audiência pública, quinta-feira (10), realizada pela Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados. O presidente do colegiado, deputado Chico Lopes (PCdoB-CE), avalia que a aprovação da lei foi resultado de uma longa mobilização dos próprios empregados domésticos.