Cesta básica aumenta em São Paulo apesar de cair um pouco no Brasil

Segundo o Dieese, valor médio no Brasil comprometeu o salário mínimo líquido em 58,54%; o mais caro é em São Paulo

Em agosto, a cesta básica mais cara do país foi a de São Paulo | Foto: Felipe Barros/ExLibris/Secom-Prefeitura de Itapevi-SP

Em agosto, o valor da cesta básica caiu em 16 das 17 capitais. O levantamento feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) e divulgado nesta terça-feira (6), mostra que entre julho e agosto, as reduções mais expressivas ocorreram em Recife (-3,00%), Fortaleza (-2,26%), Belo Horizonte (-2,13%) e Brasília (-2,08%). A alta de 0,27% foi registrada em Belém.

Porém, segundo a entidade, São Paulo (SP) foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 749,78), seguida por Porto Alegre (R$ 748,06), Florianópolis (R$ 746,21) e Rio de Janeiro (R$ 717,82). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 539,57), João Pessoa (R$ 568,21) e Salvador (R$ 576,93).

A comparação do valor da cesta entre agosto deste ano e agosto de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 12,55%, em Porto Alegre, e 21,71%, em Recife. Em 2022, o custo da cesta básica também apresentou elevação em outras cidades, com destaque para Belém (14,00%), Aracaju (12,87%) e Recife (12,35%).

Com base na cesta mais cara, que, neste mês, foi a de SP, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário-mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o valor mínimo necessário – para a manutenção de uma família de quatro pessoas – deveria ter sido de R$ 6.298,91, ou seja, 5,2 vezes o mínimo de R$ 1.212,00.

Considerando o salário mínimo líquido, após o desconto de 7,5% da Previdência Social, esse trabalhador precisou comprometer 66,88% da remuneração para adquirir os produtos da cesta básica, que é suficiente para alimentar um adulto durante um mês.

Injustiça

Para mudar de vez essa situação, uma proposta do candidato do PT ao governo do estado de São Paulo, Fernando Haddad, prevê a retirada do Imposto sobre Circulação de Mercadorias ou Serviços (ICMS) sobre os produtos da cesta básica. Segundo ele, uma forma de aumentar o poder de compra do trabalhador “é reduzindo o preço do que é essencial”.

“Nós tomamos a decisão de zerar ICMS da cesta básica”, disse Haddad durante evento com eleitores. “Se o produto é essencial, não tem que ter imposto sobre ele”, acrescentou. Hoje, os produtos da cesta básica – como arroz, feijão, leite, café, açúcar, óleo de soja, dentre outros – pagam, em média, 7% de alíquota do imposto estadual.

Nesse sentido, o candidato afirmou ainda que “não é justo” que São Paulo, que é um grande produtor de alimentos, “não consiga baratear a comida que chega na mesa do trabalhador”.

Do mesmo modo, Haddad também afirmou que também pretende zerar o ICMS sobre a carne. “Muita gente não está comprando carne. E carne é proteína. Se você não tem proteína e carboidrato, você não se sustenta. E muita gente hoje está em estado de insuficiência alimentar por falta de ingredientes importantes para a vida. Isso não é luxo”, declarou o candidato.

Fome no Brasil

Os dados do Dieese mostram que o preço da cesta básica está crescendo em um ritmo acelerado nos últimos meses. A elevação é resultado do aumento da inflação.

No caso específico do estado de São Paulo, por exemplo, um Auxílio Brasil não é suficiente para comprar uma cesta básica. Mesmo depois do aumento de R$ 400 para R$ 600 no valor do programa, o patamar ainda não compra alimentos essenciais. Dessa forma, muitas pessoas ainda precisam de uma segunda renda para não passar fome.

Diante disso, Fernando Haddad também criticou recentes declarações de Bolsonaro de que os brasileiros não passam fome. Durante o debate da Band, no dia 26 de agosto, o presidente questionou o levantamento de que mais 33 milhões de brasileiros estão passando fome e afirmou que dados são “demagogia”.

“Se o Bolsonaro pisar nas ruas de São Paulo, eu duvido que ele ande mais de 500 metros sem esbarrar em uma pessoa que está passando fome. Um idoso, uma mulher ou uma criança que está passando fome, eu duvido”, disse o postulante ao Governo do Estado.

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Com informações do Dieese

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