Governo se articula para reduzir o preço dos alimentos

Em reunião com ministros e presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, Lula pediu foco no controle da inflação dos alimentos para preços mais acessíveis à população

Foto: Ricardo Stuckert / PR

A queda dos preços de alimentos básicos está no radar do governo federal. Na quinta-feira (14), o presidente Lula convocou os ministros Carlos Fávaro (Agricultura, Pecuária e Abastecimento), e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), além do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, para alinhar medidas anti-inflacionárias para alimentos.

Segundo o governo, o preço do arroz já deve cair em final de março e começo de abril. O valor do grão subiu pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no final do ano, mas a tendência é de normalização.

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Uma das ideias trabalhas é do estímulo à diversificação de locais de plantio como forma de diminuir os impactos regionais causados pelas mudanças climáticas que devem se intensificar nos próximos anos. Assim, a cultura do arroz, como exemplo, poderia ser explorada na região conhecida como Matopiba — fronteira agrícola que reúne Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Em coletiva após o encontro, Carlos Fávaro explicou que o Rio Grande do Sul produz 85% do arroz do país e que o preço já caiu de R$ 120 para próximo de R$ 100 a saca. “Esperamos com o caminhar da colheita, que está chegando a 50% agora, que esse preço caia, é a tendência natural. É importante que os atacadistas repassem esses preços ao consumidor”, disse.

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Segundo o ministro, com o maior Plano Safra da história articulado pelo governo Lula, a produção de arroz, feijão, trigo, milho e mandioca está sendo estimulada. A partir dessa produção a Conab estará preenchendo seus estoques como forma de baixar os preços para os consumidores. “A Conab tem um papel fundamental. Começamos a comprar estoques públicos no ano passado de milho, 360 mil toneladas, o que foi fundamental no problema climático do fim do ano”, explicou.

O presidente da Companhia, Edegar Pretto, salientou a importância dos estoques como via de mão dupla, que permite preços acessíveis e renda para os agricultores que produzem alimentos. “A vontade do presidente Lula é que a gente garanta a todos os agricultores que optarem por produzir comida que eles tenham renda, que a gente garanta a todos os que querem voltar a produzir arroz, feijão, mandioca, hortaliças, que a gente garanta a compra com políticas públicas”, revelou.

O ministro Fernando Haddad esteve na reunião com Lula, assim como o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Avaliação

A motivação para a redução dos preços faz parte da política adotada pelo governo em acabar com a fome no país. Segundo o Instituto Fome Zero, o governo Lula possibilitou que 13 milhões de pessoas deixassem de passar fome no Brasil em 2023. O contingente nesta situação, que era de 33 milhões de pessoas em 2022, caiu para 20 milhões.

Outro aspecto é quanto à avaliação do governo que segue estagnada. Mesmo com todo o trabalho de colocar o país novamente na rota do desenvolvimento, com crescimento econômico e respaldo internacional, existe uma sensação na sociedade de que os preços estão subindo. A mesma pesquisa Quaest que indicou aproximação das taxas de aprovação e rejeição ao governo Lula, ainda que a aprovação seja superior e marque 51%, mostrou que, de modo generalizado, existe a percepção de aumento dos preços “das contas” (63%), “dos combustíveis” (51%) e, sobretudo, “dos alimentos” (73%).

Ainda que seja desproporcional a reação face ao desastre que era o governo Bolsonaro, o atual governo já ligou o alerta com a reunião promovida por Lula com os ministros.

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Isto porque a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mesmo que controlada, registrou no acumulado do bimestre (janeiro/fevereiro) crescimento de 1,25%, puxada especialmente pela inflação dos alimentos que subiu, no período, 2,95% – o que corrobora com a sensação do povo sobre aumento do preço da comida frente a outros preços.

*Com informações Planalto e CNN