O recente artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sobre livro do sociólogo francês Alain Touraine é um sinal de novas tendências no campo doutrinário do chamado novo liberalismo.
A débâcle, nessa semana, de vários grandes bancos espanhóis acelera a crise financeira do país sacudido por imensas manifestações de trabalhadores, estudantes, pequenos, médios empresários, que se espalham de Madri à Catalunha.
Na verdade a Europa caminha a passos largos rumo a um sério impasse econômico, social, com desdobramentos políticos que já se manifestaram nas eleições francesa, grega e recentemente na Alemanha
Durante o século XX muitos das gerações que sucederam umas às outras tinham como pressuposto ético de vida pensar o mundo para melhor. Uns lutavam por transformações econômicas, sociais, radicais, outros desejavam reformá-lo, vários pensavam que ele já estava de boa medida, tratava-se apenas de ajustá-lo no que fosse possível.
O primeiro de maio no mundo mostrou, pelas gigantescas manifestações acontecidas, a extensão e profundidade da crise do projeto neoliberal ortodoxo em vigência por quase todo o planeta, expõe os gargalos de natureza estrutural tanto do próprio sistema quanto desse modelo econômico imposto às sociedades pelo menos nos últimos vinte e cinco anos.
Todos nós sabemos que a política é um permanente jogo de movimentos. O que diferencia um partido situacionista de outro com objetivo transformador é a perspectiva. Um, atua tendo em vista o permanente movimento, o outro, peleja observando sempre o horizonte mais largo estabelecido em seu programa estratégico.
As recorrentes crises estruturais do capitalismo muito especialmente os grandes ciclos inaugurados em 1929 demonstram sobejamente o caráter maligno desse sistema mas também indicam, paradoxalmente, a sua força ao sobreviver aos seus terremotos intestinos e às tentativas de se superar a sua natureza brutal.
Durante os anos sessenta e setenta eclodiram dois fenômenos mundiais de contestação ao sistema estabelecido, as revoltas populares, especialmente a estudantil, e o chamado movimento hippie.
O quarto encontro de cúpula das cinco grandes nações emergentes, os BRICS, realizado em Nova Delhi na Índia, representa muito mais que uma dessas reuniões quase burocráticas com que de vez em quando o mundo diplomático agracia a opinião pública brasileira e internacional.
Passados mais de quatro anos da eclosão da nova crise global do capitalismo não há no momento algum sinal de reversão das expectativas pessimistas quanto ao futuro dos trabalhadores, povos e nações.
Uma combinação de fenômenos negativos está levando o parque industrial brasileiro a uma crise aguda enquanto outros fatores estão provocando uma
anemia ideológica e cultural da identidade nacional.
Um recente ensaio do sociólogo italiano Franco Cassano expõe a ideologia hegemônica da atual etapa da sociedade capitalista globalizada mesmo que algumas de suas conclusões possam ser questionadas.
Durante a década de noventa a ofensiva das idéias neoliberais no mundo foi tão avassaladora que se tinha a impressão de um massacre político, teórico e ideológico contra todos os que compunham o campo de resistência a uma hegemonia unipolar.