Fizeram um corredor polonês contra a Manuela. A arena foi montada para uma carnificina. Nunca vi nem ouvi falar de um programa de entrevistas relacionar um assessor de outro candidato como "entrevistador". Não foi apenas deselegante, foi canalhice mesmo.
Geraldo Alckmin deixa o governo de São Paulo para candidatar-se à Presidência da República com o discurso de que levará seus feitos à frente do estado para todo o país. Definitivamente, o Brasil merece melhor destino.
O título desse artigo seria "Crônica de uma re-renuncia", mas mesmo um gago só renuncia aquilo que tem. Resolvi, pois, tratar o tema com mais seriedade.
Em política só se conjuga o futuro no pretérito, mas, até onde a vista alcança, parece mesmo ter evaporado o sonho presidencial de João Dória Junior, o alcaide paulistano. A nau em que pretendia velejar para os mares abertos da República teve o casco seriamente avariado pelo iceberg de rejeição aferido no Datafolha da terça-feira (05).
Andava pelo centro de São Paulo outro dia quando uma placa me chamou a atenção: Studios 18 m2. Penso: “bem, para uns 3 ou 4 caras gravarem por uma horinha, tá bom demais".
Existem profissões de tempos imemoriais. Ofícios teoricamente simples, em geral manuais, que carregam em si o pouco que resta da dignidade humana. Em comum, a grande maioria delas está em vias de extinção, quase mortas, mas com alguma sorte ainda se pode encontrá-las definhando elegantemente nos centros velhos e bairros mais antigos dos subúrbios.
Há tempos tenho dito: sempre que o PSDB não faz a menor ideia do que fazer, convoca um congresso para deixar tudo como está e ver como é que fica. Agora, nesse episódio de marcar data para romper com o governo Temer, chegaram ao nível máximo da piada pronta.
Costumo dizer que não se tem uma ideia nova impunemente. As invenções fundamentais à Humanidade já foram pensadas há anos, de sorte que, toda vez que alguém se propõe a um novo lampejo, a civilização regride séculos. Aliás, a palavra de ordem verdadeiramente revolucionária e contemporânea é “por um mundo sem novas ideias”.
Fosse apenas à estrepitosa recepção na entrada do Senado, quando Aécio Neves foi aclamado por uma multidão de uma centena de funcionários comissionados, e tudo estaria bem, relevar-se-ia. Afinal, é mais do que comum em nossos costumes políticos o derrotado armar um teatro para figurar o papel de vencedor.
Fosse apenas o auditório do Tuca apinhado e poderia se dizer que tinha gente pendurada no lustre, roubando a figura de Nelson Rodrigues para retratar jogos com casa cheia. Mas o que se viu na noite desta segunda-feira foi muito além: às 23h30, do lado de fora, tinha gente escorrendo pelos muros, tinha gente brotando das árvores.
Resisti bravamente à tentação de emprestar do escritor Marcos Rey o título deste artigo e chamá-lo, ironicamente, de “Malditos Paulistas”. Decerto, seria inócuo para revertero ranço conservador que ora campeia no estado, e injusto com quem não comunga dos ideais obscurantistas, vote ou não na esquerda.
O 8 de julho de 2014, amigos, será, para a História, uma data paradoxal: por um lado, foi um dia que não aconteceu; por outro, foi um dia para sempre. Explico. Não aconteceu porque não é representativo de nada, muito menos do futebol brasileiro e do nosso santificado manto, do Santo Sudário amarelo que o Brasil enverga em campo. Eternizou-se também por isso: jamais se repetirá.