Inaldo Sampaio, colunista da Folha de Pernambuco (um dos poucos que ainda guardam isenção analítica), observa com propriedade que Serra, depois de quase quarenta anos de vida pública, vendo-se em dificuldade no pleito atual, “aderiu de vez à demagogia”.
Escrevi sobre isso aqui no Vermelho, num dos recentes momentos eleitorais. A utilidade da leitura do 18 Brumário de Luís Bonaparte, a primeira análise de uma situação política determinada (a da França) escrita à luz do materialismo histórico, justamente pelo seu fundador teórico, Karl Marx, entre dezembro de 1851 a março de 1852.
Todo candidato necessidade sustentar um discurso – a um só tempo correto, coerente e permeado por propostas factíveis. Mais: é preciso difundi-lo em termos compreensíveis e capazes de atrair apoios e, se possível, emocionar o eleitor.
Um artifício comum usado pelos que se sentem em inferioridade numa polêmica é a velha e simples tergiversação. E o modo mais primário de tergiversar é fugir ao âmago da questão, lançando mão de argumentos diversionistas.
Recorro aos sites de busca na internet, sempre mais atualizados do que meus velhos livros de medicina, na estante há mais de vinte anos e apenas de vez em quando consultados (como muito prazer, diga-se) e fico sabendo que das 1.739.600 espécies de seres vivos indentificados, os vírus representam 3.600 espécies. Virgem Maria!
O tema é inevitável nesse tempo de peleja eleitoral. Está na boca dos candidatos, dos chamados cientistas políticos e se espraia por parcelas da opinião pública mais atentas. Vale a mais a mídia ou a rua na conquista do eleitorado?
Bem que cabe um fundo musical na voz de Paulinho da Viola: “– Olá! Como vai?/– Eu vou indo. E você, tudo bem?/– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro…”. Em pouco mais de um minuto, às vezes menos, o breve diálogo se dá assim em poucas palavras, na distribuição do jornal de prestação de contas do nosso mandato de vereador no Recife e agora, a campanha em andamento, panfletos da candidatura a deputado estadual.