Ontem, vi na televisão uma entrevista de Juca Kfouri a Manuel da Costa Pinto. O colunista esportivo falava do seu livro “Confesso que perdi”, um título que em si já é um achado, pela mistura de Pablo Neruda, do livro Confesso que Vivi, e Darcy Ribeiro, que falou certa vez: “eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”.
Hoje tem noite de duplo lançamento na Casa Azul, em Olinda. O editor e poeta Gustavo Felicíssimo lança o seu livro de crônicas “Carta a Rubem Braga”, e Ñasaindy Barrett lança o seu de poesia “Do que foi pra ser agora”. Será uma festa de literatura e direitos humanos a partir das 20 horas.
Esta semana, participei do Projeto Outras Palavras, que a Secretaria de Cultura e Fundarpe realizam em Pernambuco. Esse é um projeto que leva escritores para conversar com alunos da rede pública sobre literatura. Para mim, foi uma experiência fundamental.
O negro, tão natural, tão à vontade, mudava o modo de operar com os burgueses que encontrava no Recife. As curvaturas e cumprimentos aos gringos se tornavam fio de prumo erguido no peito, a conversar em inglês com os recifenses mais cultos. Para quê?
A filha Joana Rozowykwiat me fala os dados factuais e necessários: Efrain Ignacio, sociólogo, argentino, filho de judeus poloneses. Depois, me informa também o mais doloroso: Efrain faleceu em 28 de fevereiro de 1984, numa crise de asma, quando um o farmacêutico se negou a lhe vender o remédio que o salvasse.
Milhares, milhões de mensagens vão chegar para o presidente Lula neste dia do seu aniversário. Tantas e justas mensagens.
As notícias desta semana atualizaram uma fala do prefeito de São Paulo, que em vídeo de 2011 gritou: “Pobre não tem hábito alimentar”. Essa frase lapidar de João Doria esteve de volta quando ele anunciou a distribuição da farinata – mistura de fascio e lixo de comida – como ajuda alimentar para os pobres e crianças em creches.
Antes de mais nada, acrescento para o Vermelho em 06/10/2017: Ontem, a UJS Pernambuco ocupou a livraria no lançamento do romance no Recife. Foi comovente saber que a linda bebê do presidente da UJS e companheira se chama Helenira. Depois, a brava juventude ergueu o braço e gritou que era herdeira do Araguaia. Não sei mais o que falar sobre tão humana recepção.
Então continuo de outra maneira.
Há 10 anos escrevi:
“O que toda a gente lê em Manuel Bandeira, no livro Itinerário de Pasárgada, longe está de ser uma verdade íntima, única e exclusiva do poeta, neste luminoso parágrafo:
‘Quando comparo esses quatro anos de minha meninice a quaisquer outros quatro anos de minha vida de adulto, fico espantado do vazio destes últimos em cotejo com a densidade daquela quadra distante’.
Ele sabe com a consciência mais desperta que vive as suas ultimas horas. Diferente do jovem em Olinda, ele pode fugir antes dos tiros, evadir-se, para assim impedir que o seu corpo inche, se alargue a tal ponto que não entre em um caixão. E por que não o faz?