O ex-ministro do Brasil, da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, escreveu um excelente artigo sobre o baixo nível de alguns políticos que se agarram ao poder como os antigos cortesãos que viam a possibilidade de serem alguém aos olhos da nação, a que aplicou um adjetivo pouco conhecido de "obnóxio" (segundo o dicionário, "que se sujeita à punição, servil, funesto, nefasto").
A definição habitual, que consta dos manuais escolares e é amplamente divulgada através dos meios de informação social, é de que a sociedade capitalista é liberal, tecnoburocrática, de bem estar social e democrática.
O 10 de Novembro tornou-se um dia histórico de "Portugal à esquerda", dia em que o governo de direita caiu por força de uma maioria de esquerda formada nas últimas eleições do dia 4 de Outubro de 2015 e o apoio de milhares de trabalhadores, reformados e pensionistas, nas ruas sob a liderança da CGTP-Intersindical.
O sistema capitalista controla as suas graves crises com a imposição de uma cultura que é processada por uma poderosa máquina que moi tudo, como as que preparam hamburguers. À medida em que envelhecemos, temos a necessidade de nos afastarmos das agressões para nos defendermos, já que o corpo se fragiliza.
As mudanças não ocorrem por acaso, não caem do céu nem com rezas fortes, nem dependem de idéias geniais ou do peso das leis e forças das armas. Sendo um processo de transformação, as mudanças resultam de paciente demonstração de que a humanidade evolue selecionando soluções para os erros de percurso e para as carências impostas aos povos para satisfazer ambições mesquinhas de poder de uma elite privilegiada e cruel.
Michel Lowy, brasileiro e professor universitário em França, escreveu no portal galego do Diário da Liberdade, com absoluta clareza: "Os governos da Europa estão indiferentes aos protestos públicos, greves e manifestações maciças. Não se importam com a opinião ou os sentimentos da população; estão apenas atentos — extremamente atentos — à opinião e sentimentos dos mercados financeiros e seus funcionários, as agências de avaliação de risco.
O povo português, esmagado pela miséria gerida pela Troika (trazida pelos governos sociais-democratas do PS e do PSD na escalada contra as conquistas de Abril), faz um enorme esforço para reerguer a bandeira da esperança nestas eleições.
O Secretário Geral da ONU descobriu agora que a crise principal que assola o planeta é de solidariedade. Esqueceu-se de referir que para haver solidariedade é imprescindível existir a consciência de responsabilidade social.
A Grécia, esmagada pela "austeridade" imposta pela União Europeia através de seus emissários financeiros colocados nos altos postos governamentais daquele país (e de outros, igualmente subalternos à política social-democrata da UE), elegeu no início de 2015 um Partido de esquerda, Siriza, para abrir caminho a uma alternativa que devolvesse a dignidade nacional e a sua riqueza construída pelo povo para desenvolver a nação democraticamente.
Dizer hoje que não há luta de classes na sociedade capitalista é uma falácia. As elites impõem o seu domínio sobre os trabalhadores "flexibilizando as leis do trabalho" como declarou candidamente o Presidente de Portugal, Cavaco e Silva, em visita à Bulgária em Junho de 2015 ( e a seguir permitiu-se criticar o governo da Grécia por contestar as imposições escravizantes da Troika que manipula o crédito para empobrecer ainda mais a nação helênica).
Os cérebros financiados pelo centro do poder mundial do sistema capitalista inventam e divulgam teorias que utilizam os conceitos desenvolvidos por Marx acerca da evolução dialética da História dos povos, mascarados com uma profusão de termos teóricos para esquecer o verdadeiro autor e a perspectiva revolucionária, e apresentam um momento da história como sendo a realidade global com a sua imagem paralisada e congelada que anula a dinâmica natural do seu desenvolvimento.
Os que lutaram, através de dezenas de anos, pelo fim da ditadura fascista em Portugal, enfrentando uma dura realidade de sacrifícios e perseguições políticas que impediram a fruição da vida familiar e profissional se houvesse liberdade social no país, certamente hoje se ressentem da "derrota" sofrida pela Revolução dos Cravos que floresceu em 1974.