Pouco menos de 500 dias depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) proferiu decisão derradeira sobre tema fundamental para o fortalecimento da democracia. Derrubou, como Davi a Golias, o gigantesco lobby de empresas privadas nas campanhas políticas ao declarar inconstitucional esse tipo de financiamento eleitoral. Vitória para muitos, desespero para outros.
Em 5 de setembro de 2015, milhares de movimentos sociais, entidades da sociedade civil, sindicatos, fundações e partidos políticos fizeram, em Belo Horizonte, grande ato de lançamento da Frente Brasil Popular. Sob o coro vibrante e bandeiras de inúmeras cores, vimos ali o espírito de luta que rondou o cenário político de 1989.
Em roteiro digno de um filme de Wes Craven, a Câmara dos Deputados, em pouco mais de um semestre, pautou e aprovou trancafiar jovens em presídios, aliviar a barra de planos de saúde privados em R$ 5 bilhões, a ampliação da precarização das relações de trabalho via terceirização e a criminalização de povos indígenas.
O centro de São Paulo, há quase cinquenta anos, foi palco de inúmeras manifestações políticas contra o Regime que seguia a endurecer no Brasil. Como no Rio, onde a região central deflagrou a Passeata dos Cem Mil em 1968, expressão imortalizada pelo jornalista Pery Cotta, a capital paulista também teve seus registros históricos na luta pela liberdade. Hoje, as ruas são palco de outro tipo de manifestação.
No velório de Margarida Maria Alves, em agosto de 1983, milhares de trabalhadoras reuniram-se frente a violência cometida contra ela. Lavadeiras, carpinteiras, pescadoras, artesãs e trabalhadoras do campo caminharam ao lado do cortejo fúnebre. A mulher corajosa que lutava pelos direitos dos trabalhadores rurais foi assassinada com um tiro de escopeta no rosto, diante da crueldade que dominava nos embates do campo. Margarida morreu, mas deixou um enorme legado.
Em frente ao Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, São Paulo, fica a emergência do hospital São Camilo. O local, como se sabe, é porta de entrada constante de feridos e enfermos. Foi exatamente nessa local, no fim da noite de quinta-feira (30), que dois enormes parafusos voaram como bala após a explosão de uma “bomba caseira” a 200 metros, na calçada da sede do instituto do ex-presidente. Estes foram alguns dos milhares espalhados como tiros na Rua Pouso Alegre.
“Piranha!” “Viado!” “Macaco!” A ofensa esbofeteou e saiu às pressas do armário. O país atravessa o período onde o xingamento gratuito, que violenta e agride, abandonou as saias civilizadas da tolerância social para ganhar corpo – e voz – nas discussões. O debate, muita das vezes, dá vez ao monstro do preconceito. É a homofobia, a misoginia, o racismo e o ódio histérico.
O PSDB chega ao poder na década de 90 e viabiliza um projeto de venda das principais estatais do Brasil jamais imaginado pelos corações patriotas. A Era FHC promoveu o maior ataque privatista ao patrimônio nacional. Puseram despudoradamente à venda gigantes como a Vale do Rio Doce, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Telebrás. Ao todo foram “incineradas” 125 empresas em todo país.
De dentro de um hotel de Brasília, soou a trombeta da oposição mais próxima do golpismo. Veio do discurso inconsequente do senador Aécio Neves a máxima de que o mandato da presidente Dilma Rousseff, eleita democraticamente por mais de 54 milhões de brasileiros no ano passado, estaria mais perto de seu fim. “Estamos prontos para assumir”, esbravejou – pasmem! – o neto de Tancredo, numa clara afronta à democracia.
Rufem os tambores, o Brasil deu um salto tecnológico gigantesco e o mundo inteiro precisa saber. Num piscar de olhos, inventou-se a famigerada máquina do tempo. É com ela que a Câmara dos Deputados vota quantas vezes quiser o mesmo assunto. Basta as pautas conservadoras serem rejeitadas regimentalmente que "volta-se no tempo" e vota de novo. E de novo. Até ganhar. Um perfeito e certeiro tiro na democracia.
Rufem os tambores, o Brasil deu um salto tecnológico gigantesco e o mundo inteiro precisa saber. Num piscar de olhos, inventou-se a famigerada máquina do tempo. É com ela que a Câmara dos Deputados vota quantas vezes quiser o mesmo assunto. Basta as pautas conservadoras serem rejeitadas regimentalmente que “volta-se no tempo” e vota de novo. E de novo. Até ganhar. Um perfeito e certeiro tiro na democracia.
Em 1963, os estudos do matemático Edward Lorenz ganharam o mundo. Com trabalhos científicos na direção da previsibilidade atmosférica, o estudioso formulou a tese que daria sentido à Teoria do Caos. A máxima de que uma mínima mudança na natureza num ponto do planeta poderia gerar em outro canto da Terra desastres terríveis. Chamou-o Efeito Borboleta.