Meu texto dessa semana, que será o único, tem como tema natural o 1º de maio.
José Pastore é incansável na defesa de seus pontos de vista. Às vezes essa tarefa lhe custa caro, principalmente quando ele se insurge contra a força dos fatos e dos números.
Paticipei ativamente de dois eventos promovidos por entidades sindicais que, embora tenham tido grande afluência e divulgação, merecem (um pouco por vaidade) meu registro.
Ao contrário das paradas militares ou das escolas de samba, que após os desfiles se dispersam, o movimento sindical deve se manter unido, organizado e mobilizado depois da 8ª Marcha dos Trabalhadores.
O Toninho do Diap tem falado e escrito sobre suas preocupações com o panorama para o movimento sindical em 2015, adverso, segundo ele, à Pauta Trabalhista.
Os franceses têm uma peculiar expressão política e falam no fenômeno do “cliquet” (ou seja, da trava em uma engrenagem): uma evolução da lei, das mentalidades, dos direitos políticos ou sociais que se revela não retroagível na prática.
Depois de uma certa idade a vida de um indivíduo e a de uma instituição se distinguem porque, para o primeiro, começa a decadência biológica inexorável e para a segunda, se ela é relevante, o tempo que passa a fortalece ainda mais.
Vocês se lembram das profecias ensandecidas contra os aumentos reais do salário mínimo?
Tenho escrito que a ditadura militar, tendo sido ferozmente antissindical, não conseguiu desestruturar o sindicalismo.
Não vou fazer como o historiador preguiçoso que disse não ter havido ditadura no Brasil entre 1964 e 1968 e entre 1979 e 1985, porque aconteciam, nesses períodos, manifestações de rua. Esqueceu-se de dizer que as manifestações de massa ocorridas (como a passeata dos Cem Mil ou os comícios das Diretas Já) eram contra a ditadura, mero pormenor.
Registro, com atraso, o sucesso do ato unitário do movimento sindical para homenagear as vítimas da ditadura, realizado em São Bernardo, em 1º de fevereiro.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) conseguiu reunir em Brasília, durante dois dias, as 27 federações estaduais e 70 associações setoriais da indústria para discutir a pauta legislativa dos empresários em 2014: querem, por exemplo, o fim do adicional de 10% do FGTS (que está sob veto presidencial) e a “regulamentação” da terceirização (o PL 4330, que está na Câmara) e não querem a adoção da Convenção 158 da OIT (que proíbe a dispensa imotivada).