"Sem um trabalho intenso de resistência, denúncia e contestação à ofensiva do novo governo sobre direitos dos assalariados, conforme preconizado na ‘Ponte para o futuro’, há risco real de retrocesso nas conquistas sociais".
A recessão e as altas taxas de juros produzem um cenário devastador na economia e, por consequência, nas relações de trabalho. Gastou-se mais do que se arrecadou. Assim, inevitavelmente, será necessário fazer ajustes. O grande problema é que a variável de ajuste é sempre o assalariado.
Desde que foi anunciado, no dia 12 de maio, o ministério do presidente interino, Michel Temer (PMDB) recebeu muitas críticas. Um ministério de homens e brancos. Sem mulheres e sem negros. Em suma, um ministério que não representa a diversidade nacional, que nos acostumamos a ver, desde Lula, quando assumiu a Presidência da República, em 1º de janeiro de 2003.
Queda de Dilma e ascensão de Temer muda a correlação de forças no Congresso Nacional. Na prática, antes do afastamento da presidente essa correlação de forças já existia, mas não estava formalizada. Isto é, Dilma, do ponto de vista formal tinha uma grande base, mas na prática era o que podíamos chamar de base “sem apoio consistente”.
Muito tem se falado e especulado sobre um possível governo do PMDB, sob Temer, que vai diminuir drasticamente os investimentos em áreas sociais do atual governo. Resultado de mais de uma década de importantes políticas públicas de empoderamento dos mais pobres, como moradia popular, eletrificação, ingresso em cursos superiores, bolsas para formação técnico-profissional (Pronatec), Fies, Farmácia Popular, Ciências sem Fronteiras, dentre outras.
No dia 17 de abril, o povo brasileiro conheceu realmente os deputados federais. Parecia final de Copa do Mundo. E todo o país viu novamente o Brasil ser humilhado diante de uma Nação estarrecida. As consciências críticas foram vulneradas naquele fatídico domingo, que irá entrar para os anais da história como o dia em que a mentira e a hipocrisia venceram a democracia fazendo vergonha alheia. A maioria votou a favor do impedimento por vingança e ódio!
O presidencialismo brasileiro tem muitas peculiaridades. É um regime que se caracteriza pelas crises cíclicas. Para o titular do Poder Executivo governar com estabilidade (governabilidade) é preciso fazer/montar maioria parlamentar. Isso se faz basicamente de três modos: 1) compartilhando poder (gestão) com a coalizão, distribuindo cargos; 2) liberando recursos do orçamento, por emendas, convênios ou liberalidade; e 3) fazendo concessões no conteúdo das políticas públicas.
Os manifestantes contra a corrupção atacam apenas as consequências dessa chaga, mas se recusam a discutir suas causas, incrustadas num sistema montado e protegido pelos organizadores e principais beneficiários do sistema corrupto. São parte desses grupos que tem envolvimento com a corrupção que têm organizado, convocado e financiado esses atos contra o governo.