Entre a irresponsabilidade das elites e a total fragmentação da sociedade civil, a Covid-19 como um interruptor está mostrando como o rei – o projeto sistêmico – está nu.
O artigo “A China é realmente capitalista?”, de Branko Milanovic, (El Pais, 15/04/2020) é um exemplo impressionante de equívocos grosseiros sobre quais são as diferenças realmente importantes entre capitalismo e socialismo.
As finanças não são uma deformação do sistema capitalista, mas a realização da sua natureza.
O senhor Jair Bolsonaro, ao contrário dos demais chefes de estado, está fazendo tudo para sabotar as medidas de proteção social em nome de uma suposta defesa da economia e dos empregos.
A pandemia introduziu perturbações sociais profundas, com consequências imprevisíveis e preocupantes a nível do emprego e das relações de trabalho, e atirou para a ribalta a questão do teletrabalho.
Na “coronacrise”, sociedades reguladas por Capitalismo de Estado, como as asiáticas, ou Estados de Bem-Estar Social como as nórdicas, ou mesmo as herdeiras de Sistemas de Saúde Pública Universais, de origem socialdemocrata, como na Europa, parecem estar se saindo melhor.
“A crise coloca o capitalismo como rei nu no meio da sala. Mostra o caráter dos governantes”, pontuou Ana
Ícones do ativismo global apontam o capitalismo predatório e o racismo estrutural como agravadores da pandemia, mas veem oportunidade para reinventar as sociedades
Quando Marx escreveu que “há algo podre na essência de um sistema que aumenta a riqueza sem diminuir a miséria”, não poderia ter imaginado o engenho com que esse sistema conseguiria esconder tanta miséria sob a casca da riqueza. Mas a pandemia veio revelar como é frágil a casca e podre o seu interior. Por António Santos
Na vida e na política – a distinção é meramente didática uma vez que a política é parte da vida em sociedade, independente da vontade e da opinião de quem quer que seja – a gente vivencia mudanças impostas pelo movimento real, pela dialética, que proporciona movimento e transformação, resultantes das contradições entre forças opostas unidas no mesmo fenômeno.
A biopolítica neoliberal coloca o homo economicus como um indivíduo real, um fim em si próprio. O Covid-19 mostra que ele é uma mera abstração.
A humanidade já enfrentou pandemias devastadoras, mas saiu para frente e avançou.