Governo Bolsonaro edita nova Medida Provisória (MP 979/2020) que fere autonomia universitária e permite que o ministro da Educação escolha reitores temporários nas universidades federais durante pandemia
“É justo que os estudantes – que também têm seus rendimentos fortemente afetados – paguem menos”, diz Iago Montalvão
Segundo revelou a coluna Painel da Folha, a nota diz que a proposta viola a gestão democrática na educação.
Palavra final para preencher cargo fica com o presidente da República, independente de ser o mais votado pela comunidade acadêmica.
Levantamento inédito mostra que, desde 2008, número de casos reportados está aumentado. Assédio e estupro são os mais comuns.
Saída definitiva do País de profissionais de alta qualificação se acentuou e tem deixado especialistas em alerta
Graças às políticas educacionais de inclusão dos governos Lula e Dilma (2003-2016), estudantes pretos e pardos – que compõem a população negra – se tornam, pela primeira vez, maioria no ensino superior público. Conforme o informativo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, os negros representavam 50,3% dos alunos de faculdades e universidades públicas em 2018. Apesar de responderem por 55,8% dos brasileiros, é a primeira vez que pretos e pardos dominam as matrículas dessas instituições.
Mesmo com o recente desbloqueio de R$ 44 milhões de reais, a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) passa por uma situação financeira desesperadora. O valor liberado pelo Ministério da Educação na segunda-feira 30 será usado para quitar as faturas de junho e julho com empresas que prestam serviços de alimentação, limpeza e manutenção externa, bem como para pagar a conta de energia elétrica referente a fevereiro.
O documento assinado por 23 ex-presidentes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) foi lançado nesta terça-feira (17) e alerta que mais de 300 unidades universitárias serão afetadas se o bloqueio de recursos feito pelo governo Bolsonaro não for revertido.
Mais de 40 universidades e institutos federais já criticaram o “Future-se”, o mais privatista dos programas do governo Bolsonaro (PSL) para a educação. A medida, anunciado pelo MEC (Ministério da Educação), abre as instituições públicas de ensino superior para a entrada desenfreada de recursos e projetos da iniciativa privada. A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) foram além e já se manifestaram oficialmente contra a adesão ao programa.
O Future-se tem um nome pomposo, mas, como na publicidade, mascara defeitos. O programa serve ao governo para tirar dinheiro das universidades públicas e fugir da sua responsabilidade constitucional.
*Por Jean Paul Prates
A atual gestão da Universidade de Brasília (UnB) teme pela manutenção da instituição a partir do próximo ano, com risco de cortes de contratos, suspensões de obras e desabastecimento dos laboratórios.