Os últimos dias de 2015 nos reservaram uma importante decisão a celebrarmos. A luta contra o golpe institucional teve uma enorme vitória com a decisão recente do Supremo Tribunal Federal. A ADPF protocolada pelo Partido Comunista do Brasil teve o desfecho que a democracia merece: impediu um rito do impeachment eivado de ilegalidades patrocinadas por quem deveria conduzi-lo com isenção e imparcialidade.
Querida presidenta Dilma Rousseff, escrevo entre uma reunião e outra na Câmara dos Deputados para registrar meu sentimento de força à senhora. Nós, mulheres, lutamos muito para chegar até aqui. Enfrentamos as mais terríveis tempestades, superamos dificuldades de toda espécie – preconceito, problemas de saúde, agressões – porque tínhamos um objetivo que era, ao mesmo tempo comum e coletivo.
A crise política e aética que mancha a biografia do presidente da Câmara dos Deputados tenta ser jogada contra Dilma Rousseff. Como uma tentativa de Eduardo Cunha de se salvar das manchetes que expõem denúncias de corrupção contra ele, o mesmo usa o artifício do impeachment para vingar-se do Governo Federal num jogo rasteiro e nada republicano. Uma manobra. Uma chantagem.
Em um episódio lamentável vemos, na semana em que comemoramos o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, a impunidade prevalecer na Câmara dos Deputados. Foi proposto o arquivamento, sob a relatoria do deputado federal Washington Reis (PMDB/RJ), no Conselho de Ética da Câmara, o processo que investiga a agressão do deputado Alberto Fraga (DEM/DF) dirigida a mim e a todas as mulheres em Plenário.
Os pés negros e ressecados, dedos esfolados e as unhas comidas pela correria daquele dia. O coração, que batia impulsionado pelo estresse, podia ser ouvido a poucos metros. Em meio ao silêncio das matas do século XVII, a guerreira quilombola Dandara se jogava no vazio de um penhasco brasileiro. Dois anos antes da morte trágica de Zumbi, seu marido.
Lembro de uma entrevista do repórter Caco Barcellos ao iniciar esse artigo. O jornalista era um dos entrevistados na Globo News, quando rebateu ao vivo a prática do chamado “jornalismo declaratório” para o denuncismo sem provas, o suprassumo da imprensa brasileira. Caco desagradou diversos colegas com a declaração, principalmente aqueles que dividem o trabalho no mesmo canal.
Maria Diana, de 25 anos, saiu de casa no último dia 30 para protestar no Centro de São Paulo. O mesmo aconteceu com Fernanda Mello, no Rio de Janeiro. E Letícia. Pollyana. Tábata. Maíra. Foram milhões de mulheres, juntas, ocupando o asfalto de capitais do Brasil nos últimos dias. Como flores de uma forte primavera, passaram a florir mentes e almas pelos centros urbanos. Gritavam em uníssono contra o retrocesso que se abate sobre o Parlamento. Boa parte dele caracterizado por um projeto de lei.
O tema de Redação do Enem como "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” causou furor em nossa sociedade. Uma minoria, abraçada a suas visões limitadas de mundo, acusou a prova de “petista” e “comunista”, de “doutrinária”, reduzindo o debate sobre a violência contra mulher e desconsiderando totalmente a realidade das mulheres. Como se vê, não há limite para a ignorância.
A Universidade Estadual do Rio de Janeiro me concedeu um dos conhecimentos mais profundos e universais que qualquer ser humano pode ter acesso, a medicina. Procuro rememorar isso na semana em que se comemora o Dia do Médico (18 de outubro). Em suas salas de aula enormes e recheadas de alunos ávidos, ali em Vila Isabel, assim como em seu hospital escola, recebi o conhecimento profissional que desempenhei até o início da década de 90, quando fui eleita para o Parlamento brasileiro.
A política não é este jogo de interesses nada republicanos que assistimos, onde manifestações fora da ética se sobrepõem. O rito do impeachment anunciado pelo presidente da Câmara não pode seguir adiante. Não pode, pois ao passar o regimento à frente da Lei 1.079/1950, violou a legislação e a Constituição brasileira. É assim, numa política menor, que a Oposição tenta enfiar goela abaixo do país um “golpe à paraguaia”.
Em pouco mais de 19 minutos, o TCU rejeitou todas as contas da presidente Dilma Rousseff em 2014. Milhares e milhares de páginas, com explicações profundamente técnicas do Governo Federal foram nubladas por um rito sumário.
Com o aprofundamento da industrialização de base no Governo Vargas e a mudança de olhar do Estado para a soberania, surgia há mais de seis décadas a Petrobras. Fruto do descobrimento dos primeiros poços de petróleo na Bahia, a campanha “O Petróleo é Nosso” já varria o país sob o coro de milhões de nacionalistas, como a saudosa Maria Augusta Tibiriçá Miranda.