A maneira que encontro de engrossar a corrente dos que querem ajudar, maneira singela mas sincera, é alardear a importância de um dos últimos trabalhos do Iuperj, realizado apesar da crise.
O ano de 2010 pode ser para os brasileiros um ano marcante na história da secular luta dos trabalhadores para reduzir a jornada de trabalho. Aqui no Brasil as grandes reduções aconteceram ou com a Revolução de 30 ou com a Constituição de 1988; pela primeira vez – fora de uma situação revolucionária ou de uma Constituinte – existe a possibilidade real de vitória nesta luta.
A revista Exame de 27 de janeiro publicou uma grande matéria sobre o salário mínimo demonstrando como a política de aumento acima da inflação nos últimos anos o fez atingir o maior patamar da história aumentando o consumo dos trabalhadores e aposentados pobres.
Há pessoas que acreditam em vidas passadas; eu, por enquanto, reconheço encarnações futuras.
Os pesquisadores das Serasa Experian (estou com o nome limpo na praça!) acolitados pela USP e pelo IBGE arregaçaram as mangas e o resultado poder ser aferido pela reportagem do Brasil Econômico cujo o titulo diz tudo e muito mais: “País soma 39 classes sociais diferentes”. Estamos no caminho das Índias com suas 400 castas.
A centésima pesquisa realizada pelo Instituto Sensus para a Confederação Nacional dos Transportes (patronal) apresenta três grandes blocos de informações que mereceram tratamento diferenciado dos meios de comunicação.
Quando se luta pela redução da jornada deve-se levar em conta as experiências passadas que garantiram reduções do tempo de trabalho efetivamente praticado ao longo dos anos.
Sem menosprezar o alcance positivo da institucionalização (seja em posturas municipais, legislações estaduais e federais e preceitos constitucionais) todo o registro da secular luta quase sempre se limita a arrolar as legislações; isto não só em livros de Direito do Trabalho como também em ensaios de historia sindical.
Olhem bem como são as coisas. O primeiro grande movimento organizado no Brasil pela redução da jornada de trabalho, ocorreu nos estertores do Império e nos começos da República, no Rio de Janeiro e foi conduzido pela “classe caixeiral”, os empregados do comércio, a partir da grande greve de 1886.
Estes inícios de 2010 estão muito diferentes dos inícios de 2009. Para quem se lembra, vivíamos as agudas dificuldades da crise externa que se abateu sobre nossa economia e nossa sociedade com apavorantes notícias diárias sobre demissões e colapso do desenvolvimento. Mas enfrentamos a crise com mobilização, acerto estratégico e unidade de ação e viramos o jogo.
Estamos terminando o ano de 2009 com vitória de quem apostou na unidade, na mobilização e na inteligência do movimento sindical.
Estamos terminando o ano com um saldo muito positivo de resultados na luta contra a crise, em defesa dos empregos e com reajustes salariais significativos. Estes resultados estão associados de maneira indissolúvel a três fatores: mobilização, unidade de ação e capacidade estratégica.
O movimento sindical dos trabalhadores deve prestar mais atenção ao trabalho que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea – vem desenvolvendo. Deve apoiá-lo, prestigiá-lo e utilizá-lo ainda mais.