Mãe, o último domingo – 15 de março – foi um dia sombrio. Pelas ruas do Brasil, por nossas largas avenidas, uma ruidosa marcha de milhares de pessoas revelou a infâmia escondida nos porões ou em baús onde o medo e as mortes de centenas de brasileiros permanecem impunes.
Na noite de 10 de fevereiro de 1956, oficiais da Aeronáutica insatisfeitos, liderados pelo major Haroldo Veloso e pelo capitão José Chaves Lameirão, partiram do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, instalaram-se na base aérea de Jacareacanga, no sul do Pará, e ali organizaram o seu quartel -general.
Outros gentílicos também são utilizados: Fascisti, Coxinistano, Tucani, Tucanês e Bolsonariano.
Um odioso cerco se abate contra as mudanças no Brasil. Tal assédio, sempre estimulado pelos latifundiários da mídia hegemônica, procura, como em 1964, criar um ambiente de medo como base numa provável ‘cubanização’ do país; além, é claro, do mofado discurso de que somos governados por gangsteres comunistas, corruptos e malfeitores da pior espécie.
O estado que foi palco da Guerrilha do Araguaia e de memoráveis lutas camponesas agora tem a sua Comissão da Verdade
“A única finalidade da ciência está em aliviar as canseiras da vida humana”. (Galileu Galilei, físico italiano do século 16 e um dos fundadores da ciência moderna).
Alguns querubins nos olham lá de cima, vejam, estão logo ali, para além das nuvens, no celestial Olimpo dos deuses sagrados da bola. Daqui podemos vê-los iluminando sonhos infantis e de marmanjos gorduchos, dessa gente brasileira, mulata e trabalhadora, dos trópicos, donde a alegria da vida e dos dias também é celebrada num grito capaz de estufar as redes e deixar qualquer arqueiro adversário tonto, zonzo, alquebrado por tão lúdico e poderoso petardo.
Tudo bem, somos todos latinos e, como tal, torcemos pelos latinos. Salve o Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, México, Chile, Uruguai e Costa Rica. Salve os que nasceram nestas quebradas do mundo, marcada pela rapina, o saque e os grilhões das grandes metrópoles e seus impérios do medo.
Ontem fiz 42 anos de vida e, seguramente, foi um dia especial para mim e para minha família. Mas, o que me tocou o coração foi às várias mensagens de felicitação que recebi, muitas delas de gente que conheço apenas neste mundo virtual.
A via-crúcis dos posseiros Raimundo Ferreira dos Santos, José Nilton do Amorim e Édson Romero da Silva, acusados de terem tomado parte no conflito armado em que saiu morto o pistoleiro “Baiano dos Cachorros” – chefe dos matadores de aluguel do grileiro Neif Murad – têm a participação ativa de oito agentes da Polícia Federal que, segundo a denúncia da Comissão Pastoral da Terra (CPT), estavam armados até os dentes, com metralhadoras, fuzis e revólveres.
Já passavam das vinte e uma horas quando, apressadamente, Expedito Ribeiro de Souza vindo de uma reunião sindical, passou pelo amigo Chico, o vaqueiro, cumprimentado-o com aqueles imensos olhos brilhantes e seguiu, diante da noite infame, para sua modesta casa no bairro de Vila Nova, na pequeníssima Rio Maria (PA).
O primeiro sopro da luta pela memória e verdade no Araguaia, de profunda dimensão democrática, ocorre por volta de 1978 quando o advogado comunista Paulo Fonteles, assessor jurídico da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Prelazia de Conceição do Araguaia (PA) vai atuar e viver na região do Araguaia.