Lula quer resgatar dignidade e direitos para trabalhadores de aplicativos

Durante debate, Lula aponta avanços que pretende implementar para os trabalhadores mais vulneráveis. Também lembrou os ótimos índices econômicos de seus governos.

Com ar arrogante, a candidata de direita, eleita com apoio de Bolsonaro, Soraya Thronicke, diz que não viu os bons resultados do governo Lula na economia. "Mas o seu jardineiro viu", respondeu Lula. Foto: reprodução

No terceiro bloco do debate na TV Bandeirantes, os candidatos puderam fazer perguntas uns aos outros. Ao tentar atingir o candidato Luis Inácio Lula da Silva com uma pergunta sobre economia, dizendo que o ex-presidente não tem propostas “para melhorar o poder de compra das pessoas”, Soraya Thronicke, do União Brasil, acabou levantando o momento mais significativo do debate para o petista. 

A pergunta sobre economia, que deveria ter sido para Bolsonaro e seu governo de colapso econômico, foi a oportunidade para Lula lembrar ao eleitor dos ótimos índices econômicos de seu governo, com a enorme capacidade de consumo entre os mais pobres. Ele também aproveitou para dizer o que fará para avançar ainda mais num novo governo.

Lula mencionou as condições de sua posse, em 2003, quando o Brasil tinha sofrido moratória duas vezes, em 1998, precisando emprestar do FMI para fechar as contas. Ele citou a inflação de 12%, o desemprego de 12%, a dívida pública de 60,4% e a dívida externa de 30%. 

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“Esse que vos fala reduziu a dívida pública líquida para 39%. A inflação foi para dentro da meta de 4,5% a 6%? Esse que vos fala gerou 22 milhões de empregos neste país e, mais ainda, nós conseguimos começar uma reserva internacional que deu ao país uma estabilidade que jamais o país teve”, citou.

O ex-presidente reafirmou que quer voltar ao governo para fazer ainda mais do que fez. “Este país é possível ser consertado, eu já provei uma vez”, disse ele, citando ainda o crescimento econômico de 7,5%, o comércio varejista com 13% de crescimento, e os aumentos reais do salário mínimo que reduziram a desigualdade. “Não era tudo, não era, mas foi o mais importante governo de inclusão social da história deste país.”

Lula marcou o debate ao responder ao ataque de Soraya, dizendo que este cenário descrito por ele só existe na propaganda eleitoral. Ele respondeu situando a candidata no seu lugar de elite insensível à realidade do trabalhador, e aproveitou para conversar diretamente com seu eleitorado. “A senhora diz que não viu esse país que eu falei acontecer; o seu motorista viu. O seu jardineiro viu. A sua empregada doméstica viu. Você pode perguntar para a sua empregada doméstica, que ela viu que esse país melhorou, ela viu que ela podia almoçar e jantar todo santo dia, que ela podia tomar café. Ela viu que o filho dela poderia entrar em uma universidade”, disse.

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O candidato questionou se Soraya havia votado pela legislação que regulamentou o trabalho das empregadas domésticas. O avanço trabalhista representou uma valorização da trabalhadora doméstica. Lula ainda citou um dos principais dramas trabalhistas da juventude atual, jogada ao trabalho por aplicativo sem qualquer proteção social. 

“O pobre deste país vai voltar a ser respeitado. Ele não vai ter emprego verde e amarelo, ele vai ter emprego efetivamente, sabe, com descanso semanal remunerado, com direito a férias, porque esse país acabou a escravidão em 1888. Não é possível que o trabalhador, hoje, fique trabalhando como se fosse um entregador de comida, sentindo o cheiro da comida sem poder comprar o que comer.”

Lula garantiu que vai regulamentar o trabalho por aplicativo conforme a necessidade desses trabalhadores. “É preciso que a gente legalize a vida desse cidadão; transformá-lo em um pequeno empreendedor é dar cidadania para ele. É fazer com que ele tenha direito quando sua moto quebra, quando seu carro quebra, quando a sua bicicleta quebra, e é isso que nós vamos fazer, porque é isso que nós sabemos fazer, e é isso que nós fizemos a vida inteira. 

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Embora o eleitorado trabalhador tenha uma lembrança clara das condições de vida e consumo que tinha no Governo Lula e Dilma, tendo comprado sua casa própria e garantido condições de ascensão social para os filhos, os candidatos continuaram atacando os índices mencionados por ele. Ciro Gomes e Felipe D’Ávila voltaram ao serviço de linha complementar de Jair Bolsonaro, com ataques ao candidato que lidera as pesquisas. Com a diferença que os candidatos se contradizem, com Ciro defendendo estado forte e D’Ávila defendendo o total desmonte do estado nacional, em favor do setor privado.