Só podemos compreender o que se passa dentro de outra pessoa quando nos mudamos para ela.
Somos nossa primeira companhia. E somos nossa melhor companhia também. A quarentena tem me revelado isso.
Quis reunir as miudezas que garimpei desse primeiro momento de isolamento social, para medir o tamanho de certos achados; ou daquilo que eu pensava desimportante
A cada tempo que passa, ando colhendo palavras: as mais doces, maturadas ou cheias de frescor; aquelas que floresceram ou frutificaram. É parte do meu ofício, semear e colher. O mês de janeiro rendeu uma boa safra.
Uma das boas lembranças que contam a minha #vidadejornalista é o encontro com a chuva, no Semiárido cearense – região brasileira seca por natureza. Nos grandes sertões por onde andei, terra, bicho e gente esperam a chuva voltar, desde setembro. É tanta espera, até fevereiro (quando a quadra chuvosa deve começar), que só cabe em canção de amor, igual “A triste partida” (Luiz Gonzaga, 1912-1989).
Uma das tatuadoras que conheci tem boa parte do corpo preenchido por desenhos de traços bem diferentes, mas que formam uma composição única. Ela me disse que nenhuma daquelas imagens conta alguma história; cada uma está em seu corpo apenas pela escolha do belo. Ela quis o bonito em si – e isso já seria o suficiente para ter as tatuagens que lhe marcam.