“O Capital, observa “que na agricultura moderna, como na indústria urbana, o aumento da força produtiva e a maior mobilização do trabalho obtêm-se com a devastação e a ruína física da força de trabalho”.
As reiteradas manifestações de agressão do governo Bolsonaro à política ambiental como um todo e contra a Amazônia em particular parece não ter fim, o que nos leva a questionar se não há um limite para tanta estupidez, seja de natureza política, ecológica e mesmo econômica.
"É preciso unir um campo político, o mais amplo possível, contra a extrema direita, tendo como questões essenciais a defesa da democracia e a nossa soberania".
Num governo errático como o de Bolsonaro, a única certeza que se tem é que virão novos ataques contra os trabalhadores, contra o nosso patrimônio, a nossa soberania e o completo deboche no trato das questões ambientais.
As conversas de Moro e Dallagnol, publicadas pelo Intercept e vários outros veículos de comunicação, revelam que eles cometeram tantas ilegalidades na condução da “lava-jato” que, além de terem comprometido o conjunto da dita operação, fragilizaram a tal ponto o Ministério Público Federal que possibilitou a nomeação de um Procurador Geral da República (PGR) fora dos padrões democráticos praticados nos últimos 20 anos.
Conforme eu previ no artigo Cerco sobre Amazônia (Vermelho, 27.08.2019) as queimadas tendiam a recrudescer em decorrência da política predatória do governo e do “veranico”, fenômeno meteorológico natural que se caracteriza por baixa precipitação e elevada evapotranspiração. Os dados atuais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) confirmaram essa assertiva. Indicam que o Brasil já ultrapassou 121 mil focos de queimadas, o maior índice desde 2013.
Ao longo dos tempos tenho sustentado que não é possível desenvolvimento sem sustentabilidade e nem sustentabilidade sem desenvolvimento, na medida em que toda atividade econômica predatória levará, inevitavelmente, à rápida exaustão dos recursos naturais e, por outro lado, impedir que se use os recursos naturais significa condicionar a sociedade a uma vida de fome e privações. É a expressão do produtivismo x santuarismo.
O processo de ocupação da Amazônia tem sido disputado, ao longo dos tempos, por 3 correntes ideológicas básicas: produtivistas, santuaristas e sustentabilistas, embora, como é compreensível, boa parte dos reais operadores dessas correntes nem sempre tenham clareza teórica acerca disso.
Diante dos explícitos atos de selvageria e barbárie que estamos assistindo, os quais vão da pura e simples negação da ciência à naturalização das manifestações autoritárias e ditatoriais de desprezo pela democracia, o observador menos atento certamente deve estar se questionando: o que explica tanta estupidez?
Se algo de enérgico não for feito para recuperar o estado democrático de direito, ninguém deverá ficar surpreso se a passividade aparente for substituída por explosões massivas sem qualquer controle.
O governo Bolsonaro, com apoio de todos os partidos de centro, direita e extrema direita, acabou de aprovar a contrarreforma da previdência que visa retirar 01 trilhão de reais dos trabalhadores para repassar aos banqueiros.