A palavra jirau, na nossa língua, é tão velha quanto a República brasileira. É uma armação de madeira, tosca, para se dormir em cima, para secar alguma coisa, ou para assar alimentos. Jirau, hoje, passou a ser sinônimo de algo grandioso, mas mal feito.
Duas efemérides, uma delas mais que secular e a outra com 20 anos: o Dia Internacional das Mulheres (originalmente o Dia Internacional das Operárias, das bolcheviques e de Clara Zetkin) e a fundação da Força Sindical.
Do ponto de vista dos trabalhadores a conjuntura atual é a melhor desde os anos de transição da ditadura para a democracia. Os dados econômicos falam por si: emprego, aumentos salariais, distribuição de renda e consumo das famílias; todos estes indicadores são altamente positivos em suas diversas medidas e implicações.
Não quero deixar que fique em branco nestas minhas observações semanais o registro do que está acontecendo agora no Oriente Médio.
Hoje, quinta-feira, 17 de fevereiro, os cabeças de planilha começam para valer sua cruzada para dar um cavalo de pau na economia e reduzir o crescimento do PIB para 3,5% ao ano com tudo o que de negativo isto representará para nós e para o governo da presidente Dilma.
Quando eu publiquei na revista Linha Direta do Sintetel, de dezembro de 2010, “O Dodecálogo” com as tarefas para o movimento sindical aproveitar a fase boa da economia e da política tropecei logo na segunda.
Quando as discussões ficam acaloradas quem perde a razão logo convoca o preconceito. Foi o que vimos acontecer com o colunista de jornal que, depois de achar “curioso” as centrais sindicais transformarem a luta pelo salário mínimo em sua principal bandeira (já que suas bases não recebem o mínimo), investe contra os “polpudos” (!) seguros desempregos garantidos pelo valor do salário mínimo e alerta contra os aumentos que beneficiam “uma parte enorme da população que vive na inatividade”.
É preciso insistir e continuar insistindo em uma verdade que merece ser afirmada: para o desenvolvimento brasileiro o aumento de salários não é problema, é solução.
Uma confusão se alastra pela mídia e contamina até mesmo alguns vitoriosos nas últimas eleições. Dizem o seguinte: a crise de 2009 foi externa à economia brasileira, passageira e foi enfrentada com medidas excepcionais, que não são recomendadas de maneira permanente.
O movimento sindical dos trabalhadores tem uma cultura de resistência e isto não só no Brasil, nem só agora. Faz parte da história mundial da luta dos trabalhadores, com raras exceções.
O ano de 2011 já se anuncia como um ano de dificuldades econômicas e de muita resistência no mundo inteiro (como já aconteceu com a greve geral em Portugal e os protestos estudantis na Inglaterra, Irlanda e Itália).