A esquerda bem informada
A esquerda bem informada

Joan Edesson de Oliveira

Educador, Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará.
Uma forca para o povo

Armou-se o patíbulo para o homem. Antes, erigiu-se o próprio homem em um símbolo. Naquele 21 de abril não se enforcou apenas um. Aquele um simbolizava a rebeldia de todo um território. Aquele um ousara rebelar-se contra o que havia de mais sagrado na época, as vontades, os desígnios, as ordens de sua majestade.

Eduardo Guimarães e o pescoço de Castelo

Em 1965, no aniversário da proclamação da República, Airton Gomes de Araújo, de Brejo Santo, no cariri cearense, foi acusado de dizer que o pescoço do Marechal Castelo Branco parecia com o de uma tartaruga. Um dedo-duro fez a denúncia e Airton passou um mês preso no quartel do 23º Batalhão de Caçadores, em Fortaleza.

Essa sede pode me matar

O verso que dá título à coluna é de Dominguinhos e Anastácia, na música “Tenho sede”.

Traga-me um copo d’água, eu tenho sede, e essa sede pode me matar…

Essa sede pode me matar

O verso que dá título à coluna é de Dominguinhos e Anastácia, na música “Tenho sede”.

Traga-me um copo d’água, eu tenho sede, e essa sede pode me matar…

Jucá, o roteirista do golpe

O golpe de 2016 tem todos os ingredientes para uma produção cinematográfica hollywoodiana. Nada de produção tupiniquim, com participação em festivais alternativos. Teria que ser produção grandiosa, para concorrer ao Oscar.

Não há como ficar calado

Não há como ficar calado. Uma frase curta. Seca, dura, cortante, a resumir em cinco palavras um sentimento que toma conta do Brasil. Quem a proferiu foi Raduan Nassar, hoje, ao receber o Prêmio Camões de Literatura. O discurso em si foi curto, uma dezena de parágrafos, se muito. É que o escritor sabia que com um governo ilegítimo como esse, até o ataque deve ser conciso. Talvez ele tenha lembrado daquele velho ditado, que a gente não gasta vela de libra com defunto ruim.

Adeus, Dona Marisa 

 Adeus, Dona Marisa. Vá em paz. Nós ficaremos, com o pranto e a dor. Ficaremos com uma espécie de orfandade, acentuada ao ver Lula sozinho, de tão acostumados que estávamos a sua presença ao lado dele. Ficaremos para resistir, sobretudo para resistir, dona Marisa, pois que o tempo atual é, no dizer do poeta Brecht, um tempo de caos e de desordem.

O Brasil nos tempos do cinza

Um dos maiores músicos brasileiros do século vinte foi um paraibano de Itabaiana chamado Severino Dias de Oliveira. Conhecido no Brasil e mundo afora como Sivuca, além de uma obra instrumental grandiosa fez também parcerias com grandes letristas que resultaram em clássicos da MPB. 

A rosa vermelha contra a estupidez e o ódio 

Adolescente, contei nos bolsos o pouco dinheiro e comprei uma rosa para a candidata a namorada. O dinheiro, escasso, mal e mal para um botão solitário e encarnado. A vendedora, talvez penalizada da minha miséria e comovida com a minha paixão, conseguiu enfeitar de tal forma aquele botão de rosa que ele ficou, aos meus olhos de iniciante, a flor mais maravilhosa que havia visto.

2017 e a candeia da esperança

Entre a farsa e a tragédia finda o ano. Ao longo dele oscilamos entre a indignação com a ópera bufa comandada pelo cinismo de Eduardo Cunha em abril e a sincera comoção com a tragédia do Chapé. A sensação que percebo a minha volta é de um imenso alívio para todos. Há muito que escuto, de próximos e distantes, o desejo de que o ano acabe logo. E em todos há também a mesma esperança de um 2017 melhor.

A justiça brasileira e o futebol de varzea 

Havia na minha terra um juiz de futebol folclórico, o Chicão. Alto, empertigado, zagueiro amador na juventude. No caso dele não é redundância dizer que era um zagueiro duro, os adversários atingidos por suas patadas que o digam. Quando a idade não lhe permitiu mais jogar foi ser juiz.

O Gollum Temer e a sombra de Mordor 

Definitivamente vivemos tempos estranhos e sombrios. Olhamos para os lados e, a cada instante, uma desagradável surpresa espreita, pronta a saltar sobre nós, afiadas presas de olho em presas indefesas. É impossível não recorrer, uma vez mais, à literatura, sempre prestimosa em nosso socorro.

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