A esquerda bem informada
A esquerda bem informada

Joan Edesson de Oliveira

Educador, Mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará.
Sua majestade, o canhão, está de volta

Conta a história que, em 1823, quando a Constituinte contrariou Pedro I, este cercou o prédio onde se reuniam os deputados e dissolveu a Assembleia. Do lado de fora peças de artilharia se dispuseram ao redor, preparadas para disparar. Antônio Carlos de Andrada, irmão de José Bonifácio, o último a se pronunciar naquele 12 de novembro, sarcasticamente curvou-se em cumprimento diante da boca de um canhão e, tirando o chapéu, fez a saudação: “Saúdo sua Majestade, Dom Pedro I.”.

O nome do ódio é fascismo

“E Nhô Augusto fechou os olhos, de gastura, porque ele sabia que capiau de testa peluda, com o cabelo quase nos olhos, é uma raça de homem capaz de guardar o passado em casa, em lugar fresco perto do pote, e ir buscar da rua outras raivas pequenas, tudo para ajuntar à massa-mãe do ódio grande, até chegar o dia de tirar vingança.”

João Guimarães Rosa, em A hora e a vez de Augusto Matraga

Não sou mulher, não sei

O paraibano Chico César, com licença poética e refinada beleza, canta, em uma de suas músicas: “Já fui mulher, eu sei…”.

Eu não sou mulher e, portanto, não sei.

Não planto em tempo que é de queimada

Há mais ou menos duas semanas, nas proximidades de Mucambo, quase ao pé da serra grande da Ibiapaba, um casal já idoso plantava. Duas chuvinhas apenas, era tudo que havia caído. E não tínhamos, então, nenhum sinal de que haveria mais. Mas aquele casal plantava sua roçazinha de milho e de feijão na beira da estrada com uma esperança danada. Dava gosto de ver.

Augusto dos anjos e o apedrejamento dos juízes

Nascido no Engenho Pau d’Arco, hoje município de Sapé, na Paraíba, o poeta Augusto dos Anjos é um dos grandes nomes da nossa literatura. A morte prematura, aos trinta anos, só lhe permitiu em vida a publicação de um livro, de rígida métrica e rimas preciosíssimas, “Eu”, ao qual se incorporaram outros poemas inéditos após a sua morte, passando a ser sistematicamente reeditado com o título de “Eu & outras poesias”.

Candeias, a fé do povo

“Bendita e louvada seja a luz que mais alumeia.”

Há juízes no Brasil, o que falta é justiça

“Ainda há juízes em Berlim!”

TRF-4: Honra ou vergonha?

Riobaldo Tatarana, na obra prima do mestre Rosa, afirmava que na vida a gente “carece ter coragem, carece ter muita coragem”. Vivemos hoje no Brasil um dos momentos mais difíceis e de maiores ameaças à democracia e aos direitos do povo. Por isso mesmo, num momento assim, carecemos de coragem, para não arriar as bandeiras de guerra e nem se deixar abater pelo desânimo, mesmo que as tropas do inimigo estejam a um passo de derrubar de vez as frágeis paliçadas que construímos.

Sabença de burro velho, coragem de tigre moço

Em “Capoeira do Arnaldo”, mestre Vanzolini parece ironizar com a sabedoria do burro, como a dizer que quanto mais velho, mais burro. Eu, sertanejo, arrisco modestamente a discordar do mestre, se a sua intenção foi a ironia. Acostumado com esses viventes que por aqui, apesar da modernidade, ainda abundam, sei que burro, paradoxal que pareça, é bicho sabido.

A esperança ainda se equilibra

Tempos duros, estes. Além do permanente e sistemático ataque aos direitos dos trabalhadores, agora a moda é o ataque ao conhecimento. Depois da arte, dos museus, a ofensiva atual é contra a universidade pública. E não é uma ofensiva qualquer. É uma ofensiva armada, com dezenas de policiais federais vestidos como se fossem à guerra, encapuzados, com armamento pesado.

O futuro desfeito em pó

O ofício obriga-me, permanentemente, a andar pelo Ceará inteiro. Suas estradas são companheiras com as quais partilho a dureza da sobrevivência e a capacidade, ainda existente, de sonhar. Mas as estradas do meu sertão dizem também, muitas vezes, da luta do povo para viver em meio à aridez da seca e ao descaso crescente pela pobreza, marca do governo ilegítimo que ora dá plantão no Planalto.

1917: O nascimento do futuro

Há 100 anos o mundo foi sacudido e posto de pernas para o ar. Em um lugar remoto do planeta, num país atrasado economicamente, mergulhado em uma guerra, com os soldados morrendo nas trincheiras e o povo passando fome, os trabalhadores ousaram dar um grito de liberdade e tomar o poder em suas mãos.

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