Estive 24 horas em frente ao histórico Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo, entre os dias 5, 6 e 7 de abril. Infelizmente, saí antes do memorável discurso de Lula e de sua saída pelos braços do povo. Tive vontade de me socar.
Em 2003, assustei-me ao ver o rebuliço dado pela grande mídia empresarial ao simples fato de Dona Marisa ter cultivado flores vermelhas (sálvias) no jardim do Palácio do Alvorada. Um ato espontâneo, sem nenhuma relevância, ganhou os noticiários por dias e noites.
A quem pode interessar táticas sectárias que isolem ainda mais a esquerda no campo político institucional? A quem serve o discurso de radicalização da luta política, agudizando o enfrentamento entre golpistas e não-golpistas?
Poucos meses antes de morrer, em 1895, Friedrich Engels presenteou a humanidade reunindo os textos de seu amigo Karl Marx sobre o período que ficou conhecido como a "Primavera dos Povos", especificamente sobre os acontecimentos que abalaram o mundo na Revolução de 1848 – 1849 na França.
Semana passada, Temer se reuniu, uma vez mais, com pastores das principais igrejas neopentecostais brasileiras para discutir o apoio da chamada bancada evangélica à aprovação da Reforma da Previdência.
Vivemos um período da história no mínimo curioso. Embora as instituições públicas tenham voltado a sofrer intensos ataques após o golpe parlamentar-jurídico-midiático, parte expressiva dos concursados públicos, principalmente do âmbito federal, está cada vez mais se achando a última bolacha do pacote.
Entre as várias crises pelas quais passa o Brasil, ganha destaque a civilizatória. Enquanto a grande mídia privada pinta um cenário de um país que renasce das cinzas após a Lava Jato, onde finalmente a “lei é para todos”, assistimos incrédulos à apologia de fascistas e extremistas de direita que diariamente manifestam à larga seus mais variados preconceitos de classe, minando os pilares básicos da democracia burguesa.
A constituição de uma Frente Ampla não permite seguidismo. Uma Frente, como o próprio nome insinua, aglutina várias correntes do pensamento que se propõem a estar na vanguarda, assumindo os bônus e os ônus que essa posição oferece.
Recordo-me como se fosse hoje. O primeiro operário era eleito presidente da República, representando amplos setores da esquerda e dos movimentos sociais, com enorme repercussão na mídia internacional e a discussão promovida pela imprensa privada brasileira era o plantio de flores vermelhas no jardim do Palácio da Alvorada, em alusão ao PT, cultivadas supostamente a pedido de Marisa Letícia.
Recebo pelo WhatsApp uma daquelas mensagens que instantaneamente nos leva à reflexão.
“Quod non Fecerunt Barbari Fecerunt Barberini” (O que não fizeram os bárbaros fizeram os Barberini).
Já se passaram 12 anos desde que um assessor de um deputado estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) foi pego com cerca de cem mil dólares na cueca ao tentar embarcar em um aeroporto. E ainda hoje todos se lembram.