Estamos cegos porque o mundo civilizado é esclarecido demais.
Tenho chorado esses dias, um choro sem soluços nem ranger de dentes, silencioso, quase tranquilo, que brota dos olhos com a persistência de um olho d’água. Pergunto-me se não será esse o estado natural de qualquer pessoa em meio à pandemia do Covid-19.
No embalo do movimento #MeToo, que denuncia abusos sexuais cometidos por diretores e produtores do mercado audiovisual, o feminismo se tornou doce na boca dos discursos proferidos sob os holofotes do tapete vermelho.
Dois filmes sobre o feminino e o ofício da arte chamam a atenção na atual temporada de premiações cinematográficas. Adoráveis Mulheres, adaptação de Greta Gerwig à novela Mulherzinhas, de Louisa May Alcott; e Retrato de uma jovem em chamas, de Céline Sciamma.
“Antes de ser um grande termo sociológico, o capitalismo é apenas a nossa vida”, diz o cineasta sul-coreano Bong Joon-ho sobre o tema do seu mais novo filme, Parasita. O longa aborda os atritos sociais entre duas famílias, os Kim, moradores de um porão, e os Park, residentes de uma mansão luxuosa.
É rápida e cortante como uma navalha a forma como Phoebe Waller-Bridge entrega, ao final do primeiro episódio, a chave do drama que a protagonista Fleabag desenvolve ao longo da homônima série britânica vencedora de Emmys.
"É possível que o Norte e o Nordeste do país permaneçam uma novidade refrescante para o Brasil e para o mundo. Com a diferença de que, enquanto o crítico brasileiro repete clichês sobre a nossa cinematografia ser escrachada demais, Bacurau abocanha tantos prêmios internacionais importantes quanto a Terra é redonda".