O movimento sindical quer muito pouco, mas o que ele quer representa muito para milhões de trabalhadores e para a sociedade.
Estamos vivendo um período muito peculiar do ano; ele se caracteriza, no dito de José Sarney, pelo “movimento parado”.
Estas notas devem ser lidas como complemento (e confirmação numérica) do meu artigo “Malhando em Ferro Quente” que João Franzin da Agência Sindical renomeou o “Poder do Salário Mínimo”.
Quero alinhavar três análises que procuram entender o que se passa entre os trabalhadores pobres, os aposentados pobres, os subempregados e os desempregados que não são a base do nosso movimento sindical organizado.
O jornal Valor Econômico do dia 22/03 publicou uma grande reportagem de Sergio Lamucci e Samantha Maia sobre o “lobby industrial” com a lista dos presidentes das federações da indústria dos Estados e da Confederação Nacional da Indústria. É a primeira vez que o quadro completo destas lideranças fica consolidado em uma apresentação única, destacando-se as opiniões e reivindicações dos dirigentes do setor. O jornal informa, também, que “a redução da jornada para 40 horas é o foco de preocupação”.
A maneira que encontro de engrossar a corrente dos que querem ajudar, maneira singela mas sincera, é alardear a importância de um dos últimos trabalhos do Iuperj, realizado apesar da crise.
O ano de 2010 pode ser para os brasileiros um ano marcante na história da secular luta dos trabalhadores para reduzir a jornada de trabalho. Aqui no Brasil as grandes reduções aconteceram ou com a Revolução de 30 ou com a Constituição de 1988; pela primeira vez – fora de uma situação revolucionária ou de uma Constituinte – existe a possibilidade real de vitória nesta luta.
A revista Exame de 27 de janeiro publicou uma grande matéria sobre o salário mínimo demonstrando como a política de aumento acima da inflação nos últimos anos o fez atingir o maior patamar da história aumentando o consumo dos trabalhadores e aposentados pobres.
Há pessoas que acreditam em vidas passadas; eu, por enquanto, reconheço encarnações futuras.
Os pesquisadores das Serasa Experian (estou com o nome limpo na praça!) acolitados pela USP e pelo IBGE arregaçaram as mangas e o resultado poder ser aferido pela reportagem do Brasil Econômico cujo o titulo diz tudo e muito mais: “País soma 39 classes sociais diferentes”. Estamos no caminho das Índias com suas 400 castas.
A centésima pesquisa realizada pelo Instituto Sensus para a Confederação Nacional dos Transportes (patronal) apresenta três grandes blocos de informações que mereceram tratamento diferenciado dos meios de comunicação.
Quando se luta pela redução da jornada deve-se levar em conta as experiências passadas que garantiram reduções do tempo de trabalho efetivamente praticado ao longo dos anos.
Sem menosprezar o alcance positivo da institucionalização (seja em posturas municipais, legislações estaduais e federais e preceitos constitucionais) todo o registro da secular luta quase sempre se limita a arrolar as legislações; isto não só em livros de Direito do Trabalho como também em ensaios de historia sindical.